sábado, setembro 13, 2008

Jogos de Beijing estão na era do “torcedor multimídia”


Equipado tecnologicamente, o novo torcedor quer registrar, rever, analisar, multiplicar e compartilhar sua visão do acontecimento esportivo
Foto: Paulo Trindade
* Paulo Trindade
De Beijing


Hoje numa partida de Basquete de cadeira de rodas entre a seleção do Canadá versus Israel, no Beijing Science and Tecnology University Gymnasium, num jogo muitíssimo disputado valendo uma vaga para as semifinais dos Jogos Paraolímpicos, a arena estava lotada e uma grande quantidade de torcedores divididos entre assistir ao jogo e fotografar ou filmar os melhores momentos.

Nossa equipe de cobertura estava atenta aos movimentos dos basquetebolistas na quadra e dos torcedores na arquibancada. O garoto Wan, de 12 anos estudante, que acompanhava o pai na assistência à partida empolgante, portava uma filmadora digital de última geração para amadores e parecia estar mais preocupado em gravar o jogo do que propriamente com o jogo em si, que mantinha seu pai totalmente concentrado nos belos lances do jogo, que terminou com o placar de 57 a 47 para o Canadá.

Os Jogos Paraolímpicos de Beijing 2008 estão apresentando inovações também no comportamento do torcedor. De um partícipe tradicional, que apenas, assistia aos jogos, batia palmas ou gritava, o torcedor passa a ser - além de "um jogador a mais" - um agente proativo de informação. Ele fotografa, filma, cria seus espaços de visibilidade e compartilhamento de experiências de registros, além de escrever suas impressões sobre os acontecimentos e organiza-se em comunidades virtuais na rede mundial de computadores.

O que surpreendia até aqui era o fato de as coberturas esportivas terem como epicentro o trabalho da imprensa que está migrando da era analógica para a digital e isto assombra o mundo do ponto de vista tecnológico. Ocorre que o torcedor fanático pelo esporte como o aficcionado que viveu nos tempos clássicos do esporte grego antigo, agora também evolui e precisa entender a mídia, não do ponto de vista da produção, que é uma preocupação do profissional, mas do ponto de vista da interatividade.

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos estão apresentando novas modalidades de comportamentos importantes, em diferentes aspectos, para o cidadão torcedor neste terceiro milênio. Nasce um novo do espectador. Ele agora apresenta um novo comportamento mais polivalente. Quer assistir, registrar, rever, analisar, multiplicar e compartilhar sua visão do acontecimento esportivo.

Olhando outros torcedores atônitos com a rivalidade que acontecia em quadra, típica do que tem acontecido nas disputas dos atletas de basquete em cadeira de rodas, muitos destes fotografavam e filmavam, como faziam os jornalistas credenciados, que estavam em posições formais para mostrar para mais quase 100 países os melhores lances do jogo.

O que está acontecendo então? Será que cada torcedor no futuro fará como o garoto Wan?

Os eventos esportivos de grande porte estão colocando agentes importantes neste acontecimento em posições muito curiosas,não necessariamente antagônicas. De um lado os profissionais de mídia - televisão, rádio, fotografia, mídia impressa e Web - de outro, os torcedores que assumem uma ação cada vez mais proativa na sua forma de torcer e interagir com o fenômeno esportivo.

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