quarta-feira, setembro 17, 2008

Jogos paraolímpicos promovem a igualdade, integração e a transcendência

Festa em grande estilo marca o encerramento dos Jogos Paraolímpicos de Beijing.



Foto: Lucas Lieggio


* Por Paulo Trindade

de Beijing

Noite de festa, estádio lotado, 90 mil pessoas de mais de 140 países representados, todos aguardando a cerimônia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos de Beijing. Era a hora e a vez dos portadores de necessidades especiais mostrarem que em matéria de cerimônia, estão com tudo também. Os 4000 atletas que participaram desta edição desfilaram para o mundo depois de confirmar sua agilidade, força, destreza, velocidade, capacidade de superação nos 10 dias de competições realizados na capital chinesa.

Um momento que entra para a história dos atos solenes dos eventos de grande porte. Foi um Show de organização, de sensibilidade e simpatia, para mostrar elementos da tradicional e moderna cultura chinesa.

O espírito dos jogos foi mostrado enfatizando o entusiasmo do povo chinês, das famílias em receber os visitantes como amigos depois das intensas disputas nas competições. Zhang Yimou foi o responsável pela concepção das cerimônias de abertura e enceramento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Beijing. Yamou tem sido o grande personagem das mega cerimônias dos eventos esportivos e culturais. É um especialista na teatralização das aberturas e encerramento de outras edições de eventos esportivos.

Do ponto de vista de coreografias com centenas de bailarinos, dos arranjos com figurinos esmerados, da trilha sonora personalizada para o tema “One World, One Dream” – Um mundo, Um sonho”- As coreografias interpretadas na precisão de seus bailarinos, reforçada pelos lances de tecnologia e malabarismo em suspensão, que foram um destaque desta edição em Beijing, que inclusive, tornou uma noite especialmente cênica, com proporções grandiosas que brindaram o expectador com um misto de folclore e sabedoria na arte de interpretar.

Dois momentos ficam para a história nesta cerimônia dos Jogos de Beijing. O discurso do presidente da Republica Popular da China, Hu Jintao que destacou entre outras coisas, que estes Jogos deixam três conceitos que aqui foram vividos. São eles: “transcendência, integração e igualdade”. Outra manifestação do Chefe de estado, valorizou a perseverança e a performance dos para atletas, destacando que os Jogos paraolímpicos foram um chamamento para a acessibilidade e o interesse público. Os jogos promovem no sentido de uma integração que pode estar na inspiração para a inserção de mais de 300 mil pessoas portadoras de deficiência somente em Beijing.

Para Philip Craven, Presidente do Comitê Paraolímpico Internacional – IPC – os Jogos de Beijing significaram mais uma manifestação vencedora da família paraolímpica. Seus agradecimentos públicos às cidades, ao povo e ao país, promoveram grande comoção aos presentes que lotaram o estádio. “obrigado Hong Kong, obrigado Quing Dao, obrigado Beijing e obrigado China”.

Daí, seguiu - se o protocolo de troca das bandeiras da China, representada pela cidade cede dos Jogos que foi Beijing, para a de Londres, onde serão realizados os próximos Jogos Paraolímpicos, que terá como cidade sede, Handover, que segundo Sebastian Coe, presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpico de Londres – LOCOG – será uma celebração de diversidades, para receber a família paraolímpica, que poderá mostrar toda sua força nos esportes, na cultura, nas artes, na superação social, física e das barreiras culturais.

Destaque especial se faz aqui a organização e segurança que se aplicou na cerimônia de encerramento. Desde as primeiras horas da manhã, a movimentação e controle de trânsito eram diferentes dos outros dias que se deram os jogos. Linhas de ônibus faziam trajetos diferentes, a linha 2, que dava acesso da Praça Tian anmen ao Olimpic Green, não circulou e o metrô utilizou de forma diferente as estações. Antes do estádio, a polícia, com muita discrição garantia a segurança dos locais públicos e transeuntes. A praça de competição e o Estádio Nacional, eternizado como o “Ninho do Pássaro”, tinha particular proteção. Homens do exército à paisana, voluntários, até canhões posicionados em locais mais estratégicos faziam parte da estrutura montada para garantir o espetáculo. Lembra-se aqui, dos cuidados com os aviões, que desde 11 de Setembro de 2001, não decolam 2 horas antes de eventos de grande porte e meia hora antes não sobrevoam área de competição.

Com tudo e todos no lugar, foi apreciar e viver a festa, o espetáculo com simulações de chuva de pétalas de rosas, flores com belas cores nos movimentos refinados das bailarinas, na habilidade dos bailarinos flutuantes, ligados a nuvens que se movimentavam dentro do estádio, com humanos voando no átrio do estádio, convergindo a atenção de todos pela beleza plástica de um mundo, um sonho.

Emocionados todos que estavam no estádio entre choros e risos, vale a mensagem simples, mas profunda de quem viveu um momento raro desta cobertura. Juan, um jornalista espanhol cadeirante que estava cobrindo para seu país próximo de nós, emocionado ao se despedir, disse com olhos carregados: “Até Londres, até sempre”.

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