domingo, setembro 14, 2008

Imprensa precisa ser inclusiva como o paradesporto

Ao evoluir para as questões de agilidade no processo de produção, os meios de comunicação esquecem-se de uma coisinha básica – humanizar

Jailson Kalludo,
de Pequim


Qual é a verdadeira função da imprensa - seria ética, comprometida com os fatos e com a veracidade em suas fontes? Onde se escondeu a verdadeira matéria jornalística nos teclados do computador? Ouço discriminarem o jornalismo e internet, como se a possibilidade do “Ctrl C” e do “Ctrl V” aniquilasse os princípios do jornalismo de vanguarda.
Não me convence este papo de a culpa de tudo estar na senhora dona internet. Isso é papo de comedor de letrinhas bem minúsculas. Vamos mudar este norte e buscar a verdadeira essência do jornalismo de ponta. O que implica não fazer de conta que estamos fazendo jornalismo, a escrever o que não se viu e nem se escutou.
O que o professor de comunicação pode dizer para o seu aluno, sobre as mazelas da mídia e sobre o que ela proporciona para o seu leitor, ouvinte e telespectador? Qual a credibilidade que postula uma entidade que não respeita a dignidade humana e expõe sua vida como se fosse um outdoor colocado na frente de uma grande avenida comercial para todos saberem do acontecido, mesmo que o conteúdo da historia não tenha sido checado por fontes fidedignas, causando conseqüências e estragos irreparáveis na vida daquele cidadão que, por um a caso do destino, virou manchete por um dia? Nesse pequeno mundo de imagens, closes, muita gente se vende por pouco, perdendo a sua dignidade, leiloando a sua ética e não se importando com ninguém e nem consigo mesmo.

Para algumas pessoas o que interessa é a notícia “fervendo”, não se interessando os meios sórdidos para consegui-la, atropelando gregos e troianos, e aniquilando projetos que deveriam ser sólidos, para ser perpetuados e seguidos como exemplos de vida. Mas cultivar o ego pelo simples ego é vergonhoso, ultrajante, corrompe os jovens que pela sua natureza virginal ficam se saber que rumo tomar.
Alguns teóricos do jornalismo impresso dizem que uma matéria está morta se não tem efeitos. A imprensa com o seu aparato jornalístico não é inclusiva, é totalmente exclusiva. Eu discordo em número, gênero e grau. Não há matéria morta e sim escritos que servirão um dia como arcabouço teórico para a prosperidade.
Já dizia o grande cantor e poeta Raul Seixas: no dia que a terra parou, o empregado não saiu para trabalhar porque não tinha trabalho. Eu irei parodiar esta frase dizendo assim: os discípulos não fizeram o que deveriam fazer porque os mestres não estavam lá. E, no meu entendimento não podemos cobrar, e nem exigir o que não ensinamos. Isto na situação pedagógica, coisa de que eu entendo, porque eu estou inserido no processo.

No caso da informação pela informação, temos que questionar o papel da imprensa e seus produtos. O jornalismo estar em xeque-mate. Os meios de comunicação estão sempre evoluindo para as questões de agilidade no processo de produção dos mesmos, só que esquecem de uma coisinha básica – humanizar. O centro editorial e não aborda a dignidade humana. É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, como diz a canção.

Para os jornalistas, é preciso seguir o exemplo do paradesporto na íntegra, e não fingir – por trás de uma filmadora, câmara digital, ou frente a um laptop –, dizendo que está fazendo o seu papel de bom cidadão burguês que se preocupa com a causa. Isto não basta. O mundo já viveu maquilado por milênios. Vamos rasgar essa pauta que não diz nada para esta sociedade insólita, medíocre, cheia de vícios, de que eu também faço parte.
A mídia comete muitos erros, mas acerta muitas vezes. Temos profissionais muito sérios, que levam o jornalismo ao pé da letra e não se corrompem com falsas informações que uma ou outra fonte vêm soprar nos se ouvidos, através do telefone, ou dos correios eletrônicos. Este é um desabafo de um cidadão que valoriza a vida e o respeito compartilhados.

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