segunda-feira, setembro 15, 2008

Rosinha pode conquistar sua quarta medalha paraolímpica

Ailim Braz,
de Pequim

Foto: Ailim Braz

Nem a pimenta, nem o calor, e muito menos a poluição de Pequim conseguem tirar de Roseane dos Santos a empolgação para disputar sua terceira Paraolimpíada. Dona de dois recordes mundiais (um no arremesso de peso e outro no lançamento de disco) e de um ouro no Parapan do Rio de Janeiro, Rosinha se sente mais preparada que nunca. Além dos títulos, a atleta traz na bagagem a confiança em Deus e a companhia inseparável de sua “filha”, a bonequinha que sempre a acompanha durante as provas mais importantes.

Natural de Pernambuco, Roseane dos Santos compete na classe F58. Ela perdeu a perna esquerda depois de um atropelamento e, antes do esporte, trabalhava como empregada doméstica. Para a competição do próximo dia 16, a intenção da atleta é garantir uma nova dourada para o Brasil. Mas ela sabe que a tarefa vai ser difícil. “O nível de todos os atletas está muito forte. Mesmo assim, não posso descartar a possibilidade de conquistar medalha. Quando se pensa em China, a gente tem que pedir a ajuda de Deus e tentar fazer o nosso melhor”, disse, referindo-se à nova grande potência do esporte.

E é o reforço dos Céus que a recordista aponta como o seu diferencial em relação às concorrentes. Segundo Rosinha, nem sempre é ela quem arremessa. “Antes das minhas provas eu sempre converso muito com Deus. Em Sydney, eu não me sentia preparada. Então eu disse: eu não posso lançar não, Deus. Tu podes lançar por mim. E ele fez eu bater o recorde mundial”, lembra.

Rosinha comemora a atual fase do paraesporte no mundo, mas afirma que os investimentos ainda são muito reduzidos e que só agora, na China, ela percebe o esporte olímpico e o paraolímpico sendo tratados da mesma forma. No Brasil, porém, segundo a pernambucana, há muito o que melhorar. “Muitas vezes o atleta passa necessidades, mas vem aqui e honra nosso país com força, garra e determinação. Claro, não são todos que vão sair daqui com a medalha no peito. Mas a gente está dando o nosso sangue aqui. Infelizmente, nem todo mundo reconhece”, lamenta.

Decidida a trazer mais uma alegria para o Brasil, Rosinha treina duas horas por dia, e mantém uma alimentação balanceada, à base de frutas. Nas arquibancadas do Ninho de Pássaro, ela é presença freqüente na torcida pelos conterrâneos. É nesse estádio que, às 17h de amanhã (6h do dia 16, em Brasília), ela buscará aumentar a festa brasileira na China. “Pequim, simplesmente, está show. E para ficar mais show ainda, espero conquistar o meu melhor resultado no lançamento de disco”.

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