sábado, setembro 13, 2008

De Samambaia para o mundo

Ailim Braz e Camilla Sanches,
de Pequim

Ouro no Parapan do Rio de Janeiro, em 2007, e prata nos Jogos Paraolímpicos de Pequim. Os títulos são de levar a auto-estima de qualquer pessoa às alturas. Mas quem conhece Shirlene Coelho sabe que nem mesmo a conquista do recorde mundial seria capaz de tirar a humildade da atleta. Em encontro com a equipe do Projeto Beijing UCB News, a brasiliense contou um pouco de sua carreira esportiva e adiantou alguns de seus planos para o futuro.

Vítima de paralisia cerebral, Shirlene não imaginava que pudesse chegar tão longe. A atleta sempre gostou de esportes e começou a praticar futebol quando ainda era adolescente. Influenciada pelo treinador Manuel Ramos, descobriu o atletismo e, desde então, nunca mais parou.

Aos 27 anos, a brasiliense quebrou o recorde mundial no Parapan Rio 2007, quando alcançou a marca de 27,59m no lançamento de dardos. Em Pequim, fez ainda mais bonito: bateu seu próprio recorde, registrando 35,95m.

Tímida e de poucas palavras, a atleta prefere não se gabar. Shirlene mora em Samambaia com a mãe, um irmão e um sobrinho, e é a primeira da família a cursar o Ensino Superior. Ela chegou a iniciar o curso de administração. Na época, jogava futebol com algumas amigas da Universidade Católica de Brasília (UCB) e, por meio delas, conheceu o professor Paulo Mariano. Ele a convenceu a prestar vestibular para o curso de educação física e a ajudou na obtenção de uma bolsa de estudos.

Graças ao benefício, Shirlene pôde dar continuidade aos estudos. Embora conciliar a vida acadêmica à de atleta não seja uma tarefa fácil, ela afirma que o esforço tem valido a pena. “É difícil e cansativo. Treino o dia todo e, à noite, ainda faço faculdade. Quero me especializar em atletismo e, um dia, quem sabe, me tornar técnica de algum atleta”, diz.

Para Shirlene, do início de sua carreira até as ultimas conquistas no esporte, tudo aconteceu muito rápido. E embora isso, às vezes, a assuste, encontra-se satisfeita com sua atual situação. “Quero competir até quando Aquele lá de cima disser: chega! No futuro, me vejo como uma grande paraatleta e uma ótima professora”, idealiza.
*Fotos: Geyzon Lenin.

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